Nesta edição damos conta das nossas actividades desde o último número do Caracol no início de Março. Destacamos a Reunião Geral no Porto, os encontros mensais do Núcleo de Lisboa, para além de eventos onde participaram membros da Rede, como p.ex. as Jornadas de Democracia Energética. Continuem a explorar este Caracol e fiquem a conhecer mais detalhes destas e outras iniciativas. Há ainda várias sugestões de leituras de artigos de membros da Rede e não só, além de destaques para próximos eventos, onde se incluem as celebrações do Dia Global do Decrescimento. Chamamos desde já a vossa atenção para o 5º Encontro Nacional da Rede, que deverá realizar-se num dos fins de semana da primeira quinzena de Outubro; as datas e o local serão confirmados em breve - fiquem atent@s!
Entretanto, visitem o nosso site, escrevam-nos (geral@decrescimento.pt); divulguem, apoiem e participem!
Eventos da Rede ou com participação dos seus membros
Iniciativas da Rede (Círculos e/ou Núcleos Locais) ou em colaboração com outras iniciativas/coletivos
Reunião Geral, Porto, 25 de Maio - Quando os nossos caminhos nos levaram ao Bonfim:
A mais recente Reunião Geral da Rede decorreu no Porto, dia 25 de Maio, na Casa das Artes do Bonfim, e juntou cerca de 30 participantes, vindos de todo o país. Depois do acolhimento, da apresentação de cada participante e da Rede para o Decrescimento, tivemos oportunidade de conhecer alguns colectivos da região do Porto, cuja intervenção tem afinidades connosco. A Vera Diogo apresentou a Mubi - Mobilidade urbana em bicicleta, uma entidade de âmbito nacional que tem um núcleo no Porto desde 2019 e procura criar condições para que qualquer pessoa possa utilizar a bicicleta de forma fácil e segura. Entre as várias actividades que a Mubi desenvolve está o apoio aos comboios de bicicletas e a promoção do manifesto Cidades Vivas, com as suas medidas para devolver a cidade às pessoas. A Coop 99 foi-nos dada a conhecer pela Alina Santos. Este curioso nome é inspirado no facto de 1% da população mundial deter metade da riqueza global, enquanto os restantes 99% enfrentam desigualdades, injustiças sociais e a degradação do Planeta. A Coop 99 é uma cooperativa integral e pretende acolher pessoas interessadas em formalizar os seus projectos profissionais, produtos ou negócios através da cooperativa. Trata-se de um coletivo fundado recentemente, centrado na criação de uma alternativa económica transformadora e de base local que conta já com a participação de várias pessoas, nomeadamente ligadas à produção agrícola. Ainda no âmbito de colectivos do Porto, a Sara Moreira trouxe-nos a AMAP - Associação pela Manutenção da Agricultura e Proximidade. Há neste momento em Portugal cerca de 7 AMAPs activas e uma rede que as une: a Rede Regenerar. As AMAP estabelecem uma ligação directa entre quem produz e quem consome, com base em três princípios orientadores: reconhecimento do alimento como um bem comum, pois a alimentação é um acto cultural e não uma mercadoria; promoção da agroecologia pois entendem que a alimentação saudável não pode ser produzida de forma perturbadora para o funcionamento dos ecossistemas; e a proximidade geográfica e relacional entre membros. As AMAP são formadas a partir de um grupo de pessoas interessadas em consumir localmente produtos sazonais que contratualizam com quem produz, sem intermediação, comprometendo-se a assegurar o escoamento da produção, através de subscrição trimestrais ou anuais. No caso da AMAP Porto há 6 pessoas na produção e as subscrições são trimestrais, com pagamento antecipado face à produção. A Extinction Rebellion do Porto faz parte do movimento internacional com o mesmo nome que visa a justiça climática e a justiça social. Defende a acção direta e não-violenta, de forma a pressionar os governos a assumirem respostas face à emergência climática e ecológica e a impedir o colapso ambiental e social. Há vários colectivos, nomeadamente em Lisboa, Guimarães, Porto e Açores. Em termos de pilares defendem uma acção política, assembleias de cidadãos e a desobediência civil. São uma organização horizontal, com autonomia local para agir. Por fim, o Pedro Viana deu-nos a conhecer a Campo Aberto, uma associação sem fins lucrativos, que actua no Porto e que se foca na promoção do debate cívico sobre questões ambientais e urbanísticas, pois considera-as decisivas para a qualidade de vida das pessoas. Uma das questões centrais que defende reside na libertação de espaço físico na cidade, para favorecer a relação com a natureza e uma outra forma de reconexão. A seguir a estas apresentações e ao intenso debate que cada iniciativa suscitou, tivemos o prazer de almoçar ao ar livre, num jardim, perto da Casa das Artes do Bonfim, com alimentos sazonais e de proximidade (vegan ou vegetarianos) fornecidos ou preparados pela Coop 99. A tarde foi dedicada à reunião geral e teve um formato híbrido, ou seja, presencial e online. A ordem de trabalhos incluiu a discussão de propostas de alterações à orgânica interna da Rede. Houve ainda tempo para reflectirmos sobre o Encontro Nacional da Rede deste ano e a sua possível realização na Beirã, no mês de Outubro. Quase no final ainda conversámos sobre a participação de membros da Rede nas Conferências de Pontevedra, em Junho de 2024. Este foi um encontro importante para reforçar os laços entre os diversos núcleos e círculos da Rede e também para relançar um Núcleo no Porto, que agregue a diversidade de vontades e interesses que se manifestaram neste encontro.
Encontros presenciais do Núcleo Local de Lisboa:
- 16 de Março – Livraria Ler Devagar: Para saber mais detalhes sobre este 3º Encontro de 2024, ver artigo de Ana Luísa Silva publicado no site da Rede - neste link.
- 19 de Abril – Sede da Ordem dos Arquitectos:
Na reunião interna deste 4º Encontro de 2024 efectuou-se o ponto de situação da calendarização dos diversos eventos do Núcleo, e a participação noutras iniciativas. O momento aberto do Encontro sobre o tema as Políticas do Habitar numa perspectiva Decrescentista, começou com a apresentação pelo Hans Eickhoff do que se entende por Decrescimento, seguida do que é a Rede pelo Álvaro Fonseca. Jorge Farelo lançou as bases para uma discussão alargada, propondo um contraponto entre a visão corrente que se limita a pacotes, medidas e instrumentos, e uma abordagem dos valores que deveriam constituir a fundamentação das políticas do Habitar. Não é falar só de habitação e do direito à cidade, é abordar a gestão dos territórios urbanos e rurais, os diversos tipos de equipamentos sociais, as acessibilidades, tudo entendido de forma a abarcar todas as partes que integram o território. Num segundo tempo, as arquitectas Filipa Cabrita e Joana Trindade apresentaram a Cooperativa Integral Minga, sediada em Montemor Novo, explicitando a sua dimensão global, e com especial enfoque nas frentes da Habitação e da Construção. Seguiu-se um conversa viva, mas dada a vastidão do tema, os resultados foram contidos, pelo que se julga mais eficaz organizar mais encontros por sub-temas.
- 24 de Maio - Casa do Comum:
O 5º encontro de 2024 do Núcleo de Lisboa decorreu em espaços cedidos pela Casa do Comum: a reunião interna numa das salas do bar na cave e a exibição do documentário “Lettre à G., le film – Repenser notre société avec André Gorz” no auditório do 1º piso. Após a reunião interna em que foram planeados os próximos eventos, a exibição do documentário foi apresentada pelo Hans e pelo Álvaro. Os autores do documentário optaram por um relato na primeira pessoa para introduzir vários temas do pensamento do filósofo francês, pioneiro da ecologia política e inspirador do decrescimento, que viveu os últimos anos da sua vida na localidade de Vosnon. Recorreram ainda a curtos depoimentos de diversas pessoas que o conheceram, para dar maior detalhe sobre as suas ideias mas também sobre a sua vida pessoal. Segui-se um período de comentários/perguntas suscitados pelo pelo filme. Para quem não pôde estar presente, é possível visionar o inspirador documentário neste link (activando legendas, se necessário).
Transformar o Sistema na Covilhã, 28 de Maio:
Dia 28 de Maio exibimos na Covilhã o documentário 'Outgrow the System'/Transformar o Sistema (exibido anteriormente no Encontro de Fevereiro do Núcleo de Lisboa), seguido de uma conversa (online) com a realizadora e produtora do filme, Cecilia Paulsson. Esta iniciativa decorreu na sede da CooLabora e contou com a presença de mais de 40 pessoas. Realizado por cineastas suecos, o documentário explora ideias económicas alternativas que desafiam o status quo e oferecem outras perspectivas sobre formas de organizar os nossos padrões de produção e consumo, capazes de garantir a sobrevivência do planeta em condições de justiça social. Após o visionamento do filme e a conversa com a realizadora, houve um debate muito participado, que seguiu a metodologia "fish bowl". Este evento foi co-organizado pela Rede para o Decrescimento, a Associação Portuguesa de Sociologia-Secção Sociedade Civil, Economias Alternativas e Voluntariado e a Cooperativa CooLabora. Podem ver aqui o trailer do documentário.
Círculo Ecofeminismo e Decrescimento - Como vemos a relação entre o decrescimento e os feminismos?
Já temos os primeiros resultados do questionário online feito com o objectivo de conhecer melhor as perspectivas da comunidade decrescentista face ao feminismo. As nossas expectativas foram largamente superadas com as 60 respostas que recebemos. Embora estejamos a fazer um tratamento mais aprofundado dos dados, de que daremos posteriormente conta no site da Rede para o Decrescimento, apresentamos já uma primeira leitura. Registámos algum equilíbrio de género entre respondentes, já que 53% eram mulheres, 46% homens e uma pessoa definiu-se como não binária. Em termos de zona geográfica de residência notamos que participaram pessoas de 12 distritos diferentes e ainda 3 residentes fora de Portugal. A grande maioria das pessoas respondentes reside em Lisboa e Vale do Tejo, que contabiliza 57% das respostas, segue-se o Norte, com 17% das respostas, o Alentejo com 10%, o Algarve e o Centro com 5% de respostas cada. Registamos ainda 7% de pessoas que assinalaram outras situações (não resposta ou residência fora do país). Em termos etários, mais de metade das pessoas que responderam, isto é 51,7%, têm entre 41 e 60 anos. Segue-se, com 33,3% de peso, a faixa etária entre os 61 e os 80 anos, revelando que se trata de um universo onde predominam pessoas com uma experiência de vida significativa. Abaixo dos 40 anos temos apenas 15% de respondentes. No que diz respeito ao interesse por actividades que este círculo possa vir a organizar, destacam-se os debates e oficinas, assinalados por 93% das pessoas. O acesso a artigos e outros recursos foi apontado por 63% e o visionamento de filmes sobre este tema foi referido por 60%. Apenas 10% das pessoas responderam que não têm interesse em participar em qualquer das actividades sugeridas. Estes dados serão muito importantes no planeamento futuras iniciativas por este círculo, já que procuraremos responder a estas expectativas.
Tiveram ainda lugar uma Reunião Periódica de Coordenação (RPC), a 13 de Março, e uma Sessão de Acolhimento, a 24 de Abril.
A Rede subscreveu os seguintes documentos/manifestos:
Manifesto mais democracia (https://www.manifestomaisdemocracia.site/) - Iniciativa das Assembleias Cidadãs + XR Portugal.
Eventos de outras organizações/coletivos, com participação de membros da Rede
5-7 de Abril – 9º Encontro Nacional de Justiça Climática (Boticas): Este encontro teve lugar em Boticas (Covas do Barroso) e teve a participação de Alcides Barbosa e Carlos Soares.
10 de Abril - Ciclo de Seminários de Economia Política, ISCTE (Lisboa):
Por iniciativa de estudantes de mestrado em Economia Política, realizou-se um seminário sobre decrescimento integrado no ciclo “Critical Perspectives in Political Economy”, que tem como objectivo apresentar abordagens críticas, radicais ou alternativas sobre questões contemporâneas em Economia Política. A discussão partiu do confronto entre a crítica marxista ao decrescimento por Matt Huber (no seu livro ‘Climate Change as Class War’, 2022) com as posições de Jason Hickel. Após uma apresentação inicial por estudantes dos dois pontos de vista, seguiu-se uma animada e participada discussão. Nesta sessão estiveram presentes os membros da Rede Álvaro Fonseca, Ana Sardoeira, Guilherme Serôdio e Hans Eickhoff.
13 de Abril - AS NOSSAS VOZES – Participar na Democracia, Cuidar de Abril (Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras):
A convite de Carla Castelo, vereadora da CM Oeiras eleita pela coligação Evoluir Oeiras, debateram-se os 3 Ds do Movimento das Forças Armadas, acrescentando um 4º D, fazendo referência às alterações climáticas: DEMOCRATIZAR | DESCOLONIZAR | DESENVOLVER |DESCARBONIZAR. Com participação de: Inês Campos, Investigadora CE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e Coordenadora do Projecto Inclusive Citizenship in a world in Transformation: Co-Designing for Democracy (INCITE-DEM); Flávio Almada, Coordenador da Associação Cultural Moinho da Juventude, Cova da Moura; Vanessa Lopes, Fundadora e Presidente da Associação Rizoma que visa desconstruir preconceitos e apoiar a comunidade cigana em Portugal na sua inserção social; Hans Eickhoff, membro da Cooperativa Rizoma e da Rede para o Decrescimento; Marta Brazão, Consultora em Economia Circular e membro da Lidera (Comunidade de jovens para a transição para uma sociedade sustentável). É possível assistir ao vídeo da sessão aqui.
10 de Maio - Futuro de Abril (Campus da Avenida de Berna da FCSH, Lisboa):
Momento “Assembleias de cidadãos – Uma proposta para reinventar a Democracia”, com Alcides Barbosa, Ana Maria Valinho, Hans Eickhoff e Manuel Arriaga. Estando a viver num mundo caracterizado pela complexidade, pela incerteza e pelo conflito entre valores que não se conseguem resolver pela aplicação de soluções tecnocráticas e desenhadas por especialistas, é preciso construir novas formas de participação democrática. Integrado no evento “Futuro de Abril”, organizado pelo Departamento de Sociologia da NOVA FCSH, em conjunto com o Núcleo de Estudantes de Sociologia, apresentou-se o projecto de constituição de Assembleias Cidadãs em Portugal. O manifesto Mais Democracia pode ser assinado aqui.
11-12 de Maio – Jornadas de Democracia Energética (Auditório do Liceu Camões, Lisboa):
Sobre estas Jornadas , para as quais a Rede foi convidada a contribuir, partilhamos os contributos de dois dos seus membros que nelas participaram:
Jorge Farelo: Alguns contributos, numa perspetiva decrescentista, para desvendar o intrincado novelo da crise global do ambiente e do clima. A mudança que necessitamos implica um esforço muito alargado, concertado e dirigido, em que a transição ecológica obriga à abordagem de todos os aspetos da sustentabilidade e à formalização de alternativas ao actual modelo de consumo desenfreado, em especial, de recursos naturais. Os vários problemas que nos afligem não podem ser tratados de forma simplista nem isolada, mas sim com enorme cuidado e detalhe, procurando ter em conta a complexidade do sistema terrestre, numa perspectiva holística. A abordagem multidimensional tem de incluir a componente social, porque importa pensar nos limites da dignidade humana e da satisfação das necessidades básicas, que não devem ser infringidas. Não existe virtualmente qualquer hipótese de mudança de forma espontânea, o actual sistema socioeconómico continuará assente nos paradigmas vigentes, nos hábitos de consumo, de desperdício e de ostentação, e no excesso da oferta de publicidade, que cria procura desnecessária. O colapso de qualquer subsistema tem impactos a nível mundial, aumenta a possibilidade de desintegração de outros pontos críticos, entrando-se num processo descontrolado e de consequências catastróficas. Qualquer medida que não tenha em conta as disparidades atuais, nomeadamente que 10% das pessoas mais ricas são mundialmente responsáveis por 50% de todas as emissões, enquanto 50% das mais pobres emitem apenas 10% das emissões, está votada ao insucesso. A situação é a do carro à beira do abismo, já de noite não se vê nada, então a decisão deve ser parar ou recuar. Precisamente o contrário do que está a ser feito.
Hans Eickhoff - sobre a sessão “Decrescimento e suficiência energética - quais os caminhos para uma sociedade com muito menor dependência energética?”: Esta sessão teve a participação de Sinan Eden e Sara Gaspar (Climáximo), Nicholas Fitzpatrick (CENSE-FCT e International Degrowth Network) e Hans Eickhoff (Rede para o Decrescimento), com moderação de Gil Pereira (Famalicão em Transição). O consumo energético continua a aumentar em todo o mundo mas qualquer transição energética terá de passar pela redução do consumo de energia. No entanto, qualquer proposta de decrescimento energético deve ter em conta que este aumento não é uniforme e observa assimetrias decorrentes de diferenças de classe, género ou etnia. Se certos consumos se devem reduzir ao nível dos transportes ou da indústria, por exemplo, outros devem aumentar, como é o caso do consumo energético de indivíduos e comunidades que vivem em pobreza energética ou sem acesso a um serviço energético básico e fundamental. Nesta sessão, coletivos, organizações e especialistas juntam-se para debater como devemos reduzir o consumo de energia, rumo a uma sociedade decrescentista.
31 Maio e 1 Junho - Gentler Futures Festival (Centro de Inovação da Mouraria/Mouraria Creative Hub):
Sob o lema “Rumo à autossuficiência urbana” o Gentler Futures Festival, organizado pelo atelier de design By The End Of May (Davide Onestini & André Trindade), deu um vislumbre de um futuro em que as comunidades urbanas são localmente produtivas, em vez de consumidoras passivas, e auto-suficientes, em vez de dependentes de sistemas centralizados distantes. Através da apresentação de projectos e iniciativas experimentais e especulativas, o festival celebrou o trabalho de profissionais com ligações ao design, arquitectura, política, investigação e criatividade cujo objetivo é moldar um futuro (local), (não linear), (centrado no planeta) e (pós-consumista). Por iniciativa do Núcleo de Lisboa, a Rede para o Decrescimento concorreu para participar na sessão Pecha Kucha no dia 1 de junho, tendo sido escolhida como um dos coletivos a quem foi dada a oportunidade de se apresentar em 6 min e 40 s (formato 20 slides x 20 segundos, sem texto ou gráficos). A apresentação foi feita por Hans Eickhoff que, a convite da organização, também participou no círculo de encerramento do festival, ao lado de (e em sintonia com) Marie Verdeil do solar.lowtechmagazine.com. Foi uma excelente oportunidade para enquadrar as propostas de design e tecnologias regenerativas e de baixo impacto com o ideário decrescentista e de ferramentas conviviais. Embora na conversa final houvesse vozes a clamar por IA, os projectos apresentados durante o festival foram todos em sentido contrário. Como sublinhou Will Power, ativista de segurança online, a nossa força está na nossa capacidade de construir outros mundos, fora do sistema.
Publicações recentes no ‘site’ da Rede ou noutros media
Reflexão conjunta do Círculo Ecofeminismo e Decrescimento: https://www.decrescimento.pt/posts/nao-pode-haver-decrescimento-sem-ecofeminismo/
Tradução de artigo de Christopher Ketcham sobre “crescimento verde” por Alcides Barbosa: https://www.decrescimento.pt/posts/a-ilusao-do-crescimento-verde/
Republicação de artigo de opinão de Hans Eickhoff sobre as eleições legislativas: https://www.decrescimento.pt/posts/um-desastre-anunciado/
Artigo de Ana Luísa Silva sobre mobilidade urbana, a propósito do encontro de Março do Núcleo de Lisboa da Rede: https://www.decrescimento.pt/posts/mobilidade-urbana-bem-estar-e-qualidade-de-vida-um-desafio-ao-decrescimento/
Súmula da entrevista por jornalista da agência Lusa (Fernando Peixeiro) aos membros da Rede Álvaro Fonseca e Hans Eickhoff (Abril): https://www.noticiasaominuto.com/pais/2540477/rede-para-o-decrescimento-propoe-economia-sem-pib-e-com-mais-bem-estar https://www.dinheirovivo.pt/203946489/rede-para-o-decrescimento-propoe-economia-sem-pib-e-com-mais-bem-estar/
Eventos futuros, internos ou exteriores à Rede
Internos
15 de Junho, 6º Encontro de 2024 do Núcleo de Lisboa - Celebração do Dia Global do Decrescimento:
O Núcleo de Lisboa propõe uma caminhada a partir do topo do Parque Eduardo VII pelo ‘corredor verde de Monsanto’, seguida de piquenique no Parque Florestal de Monsanto, em antecipação do Dia Global do Decrescimento, que este ano será comemorado no dia 20 de Junho, durante a Conferência Internacional do Decrescimento, em Pontevedra. Mais detalhes a divulgar brevemente.
20 de Junho, Evento para assinalar o Dia Global do Decrescimento, promovido pelo Núcleo de Santarém:
O NL-Santarém continua a sua pesquisa-e-encontro pelo território de proximidade de pessoas e projectos ligados à produção alimentar em modo bem mais agro-decrescentista (leia-se agroecológicos e outros processos não-químicos). Desta vez o encontro será num Lagar de Azeite que labora em modo tradicional: “Terras de Achete” para uma visita ao lagar seguida de visita à horta biológica da mesma Casa Agrícola. No final a conversa convivial acontecerá em torno de partilhas degustativas locais e sazonais, temperadas pela amizade e pelo bom clima ribatejano; em sintonia com todos os locais e pessoas que celebram mais este dia global do decrescimento. Contactos: nucleo.santarem@decrescimento.pt
27 de Junho, Sessão de Acolhimento:
Durante os últimos meses o Círculo de Acolhimento tem refletido sobre o seu papel e sobre o acolhimento a novos membros na Rede mas também sobre estratégias que aproximem mais as pessoas que se estão activas, partilham do espírito da Rede e da Orgânica Interna, actualmente em processo lento de revisão. De facto o papel do Círculo é promover o acolhimento e envolvimento de novos membros, organizando Sessões de Acolhimento regulares; acompanhar a integração de novos membros (preenchimento de uma ficha de acolhimento, etc); e elaborar um relatório sobre os membros (características, localização geográfica, etc.) a apresentar na Reunião Geral do Encontro Nacional. A sessão decorrerá nesta sala virtual.
21 de Setembro, Oficina ‘Decrescimento e Feminismo’:
O Círculo Ecofeminismo e Decrescimento irá organizar uma oficina sobre a relação entre o decrescimento e o feminismo no dia 21 de Setembro, (Sábado), em Coimbra. Esta oficina será acolhida pela Casa da Esquina, que nesse dia organiza uma Feira de Troca de Roupa e um Laboratório de InvestigAção com o qual nos articularemos. Esta iniciativa destina-se a membros da Rede mas é aberta a outras pessoas e organizações interessadas no tema. No início de Setembro abriremos as inscrições e divulgaremos informações mais detalhadas.
Exteriores
17 de Junho – Assembleia Geral do ‘International Degrowth Network’ (Pontevedra, Galiza): https://degrowth.net/pontevedra-assembly-2024/
18-21 de Junho - 10ª Conferência Internacional sobre Decrescimento (Pontevedra, Galiza): https://esee-degrowth2024.uvigo.gal/en/
20 de Junho – Dia Global do Decrescimento (celebração e protesto internacional): https://esee-degrowth2024.uvigo.gal/en/beyond-the-conference/beyond-the-conference-1/protesta-dia-mundial-decrecemento/
2-6 de Setembro - X Congresso Internacional de Agroecologia (Viseu): https://events.ipv.pt/xcia/
Publicações e notícias de interesse para a comunidade decrescentista
‘Newsletter’ de Junho 2024 do Círculo Europeu da International Degrowth Network (IDN-Europe), da qual a Rede faz parte, que inclui reflexões sobre dois eventos recentes inspirados na Conferência ‘Beyond Growth que decorreu no Parlamento Europeu em Maio de 2023 - a Beyond Growth Conf Italia 2024 (19-20 Abril; site em italiano) e a Beyond Growth Conf Austria 2024 (13-15 Maio, site em alemão). Na primeira, foi dado destaque à tensão entre a academia e os movimentos sociais e, na segunda, à inclusão no programa de grupos de trabalho que promoveram a participação activa das pessoas presentes. Aparentemente, estas conferências estão a multiplicar-se: no final de Maio houve uma na Dinamarca, em Junho haverá outra na Irlanda e está a ser preparada mais uma em França para Setembro!
Livro “Degrowth: An Experience of Being Finite” (2024) de Pasi Heikkurinen. É possível obter um pdf do livro a partir do ‘site’ da editora (‘link’ acima). Inspirado no pensamento de autores como Edmund Husserl, Maurice Merleau-Ponty, Arne Naess ou Alfred North Whitehead, assim como nos autores decrescentistas Nicholas Georgescu-Roegen e Serge Latouche, o livro convida a experimentar a finitude por oferecer a tão esperada base teórica para o movimento de decrescimento. Heikkurinen argumenta que devemos compreender os limites “a partir de dentro”, a fim de reduzir eficazmente o processamento de matéria-energia. Ele cunha a ‘redução metabólica’ como a definição minimalista de decrescimento e faz uma crítica lúcida sobre o modo como a tecnologia, as transformações e a natureza são percebidas em culturas de crescimento. Excerto da introdução: “This book invites you to consider degrowth as an experience, something everyone can and will (co-)entre through lived experience sooner or later. I define experiences broadly as those things that (more or less) enter our consciousness and leave a mark, enabling us to meaningfully act in, as well as speculate about, the world.”
Acção de desobediência civil da Scientist Rebellion bloqueou a entrada para a sede da Comissão Europeia em Bruxelas para denunciar o mito do ‘crescimento verde’ e exigir decrescimento: https://www.publico.pt/2024/06/07/azul/noticia/scientist-rebellion-bloqueia-entrada-comissao-europeia-exigir-decrescimento-2093291 Excertos: “A ciência é clara. É impossível reconciliar o crescimento económico e a transição ecológica. Durante décadas, os políticos têm tentado vender-nos o mito do ‘crescimento verde’, mas o nosso consumo de recursos e as nossas emissões de dióxido de carbono continuam a crescer sem compensação, e a biodiversidade continua a cair a pique”, comentou o físico Sebastian Gonzato. Na manifestação foram apresentadas às instituições europeias cinco exigências específicas: o PIB deve ser abandonado como índice para medir a prosperidade; deve ser criada uma assembleia soberana de cidadãos para decidir sobre o futuro comum; as grandes empresas devem pagar os verdadeiros custos sociais e ambientais das suas actividades; acabe-se com o consumo excessivo e a publicidade que o motiva; os recursos naturais devem ser tratados como um bem comum da humanidade, disponíveis para todas as pessoas.