Descobri a minha dependência quando mais me senti independente.
Estava tão independente que não precisava de dizer nada a ninguém.
Onde ia, quando voltava, que planos tinha para o fim-de-semana, como tinha corrido o dia.
Tão independente que as refeições eram só para mim.
Que os meus problemas cresciam e cresciam, gigantes que ocupavam todo o estúdio.
Mal havia espaço para passar entre eles e as cadeiras quando, a custo, saía de casa.
Tinha amigos.
Mas éramos como constelações celestes, só interligadas segundo certas perspectivas espaço-temporais.
O que eu queria era uma teia. E, com o tempo, construí-a.
Depois de várias estações em que parecia que nada do que semeava germinava, mudei de casa. E deixei os gigantes lá.
Alguns ainda me seguiram, mas minguaram muito. Não tinham espaço para crescer, na teia que se foi tecendo de amigas e amigos, conhecidxs, causas, caminhadas e cuidado.
Porquê tentar ser forte de armadura, quando tudo o que é mais precioso é mole, frágil e vulnerável?
Como diz a Beth Sawin, sê forte como um bébé que aprende a andar.