Para assinalar os 50 anos da publicação do livro “Os Limites ao Crescimento”, a
Rede para o Decrescimento, em parceria com a Rede BLX, está desde o início do ano a organizar o ciclo de eventos mensais “Crescer até Rebentar?”. Na 5ª sessão, que acontece no dia 7 de Maio a partir das 15h na Biblioteca de Alcântara, vamos falar sobre Territórios com a Ana Jara, o Jorge Farelo e a Margarida Cancela d'Abreu, e a moderação da Catarina Carvalho.
Não consta no referido livro o conceito de território, mas está mencionada inúmeras vezes a palavra “land”, nomeadamente na lista das necessidades físicas tangíveis para sustentar as comunidades humanas. É colocada a questão do território como um bem limitado que sofre ocupações desenfreadas, em que o crescimento das áreas urbanas e as industriais ‘comem’ a terra necessária para a sobrevivência humana. Não é só a vertente da produção agrícola que está em causa, com o esgotamento dos solos e a destruição de espaços naturais, é a crescente escassez da água natural, são os espaços verdes que sofrem uma invasão exponencial, em que não é respeitada a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) no sentido de que cada habitante tenha pelo menos meio hectare de espaço verde num raio de 300 metros da sua casa.
No citado livro, no Capítulo II - Tecnologia e Limites ao Crescimento, é referido que quando o território era abundante, a expansão das áreas urbanas não tinha constrangimentos, pelo que cresceram desmedidamente. Quando se atingiram certos limites a resposta urbanística foi arranha-céus, elevadores, mais pessoas, mais negócios. Mas surgiram novos problemas causados por altas densidades nos centros, mobilidades entupidas, degradação das relações entre cidade e o campo.
Então foram implementadas novas soluções tecnológicas, extensas redes de expressos, sistemas de circulação de massas, aeroportos e heliportos, em que as
consequências estão à vista. Os valores economicistas presentes nas decisões têm de ser questionados, porque a gestão dos territórios deve estar assente em valores humanistas, de justiça social e de sustentabilidade ambiental.
Na coletânea de pensamentos coligidos no livro “Aux origines de la décroissance”, consta uma reflexão de Lewis Mumford publicada em 1961 no livro “A cidade através da história”. Sucintamente e enquanto pensador, procura uma trajetória alternativa ao culto absurdo do crescimento e da expansão infinita das urbes. Indaga sobre os métodos de produção que deveriam ser de pequena escala, repousando sobre as habilidades do homem, nas suas aptidões e artes. Questiona a utilização da energia e dos recursos naturais, o crescimento quantitativo como uma prática da sociedade contemporânea, a qual adquiriu dimensões inumanas assente no imperialismo do mito da máquina e do absolutismo das tecnologias. As conversas sobre Decrescimento só lateralmente se têm debruçado sobre os Territórios, entendidos enquanto amplas manchas de base geográfica humana e física, onde todos os seres vivem e coabitam.
Pretende-se que os diversos contributos para a mesa redonda desta sessão enriqueçam e aprofundem, numa perspectiva do Decrescimento, as problemáticas, os conceitos e os âmbitos nas áreas do Planeamento, do Urbanismo, da Arquitetura, do Paisagismo e do Ambiente.
A conversa tentará ser o mais alargada possível, pelo que os conteúdos estender-se-ão desde a escala do mundo até ao local, nos diversos modos de apropriação e intervenção nas urbes e nas paisagens.
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