A economia tornou-se uma abstração. Ensinou-nos a quantificar tudo o que fazemos e conhecemos. Na raiz do decrescimento está a crítica a esse reino da quantidade. Na nossa primeira conversa, regressamos aos valores do tempo vivido e das coisas concretas.
O crescimento constante é um imperativo do sistema financeiro, onde bancos e Estado criam dinheiro que tudo compra através de dívidas e inflação. Contudo, este sistema chegou a um limite metabólico, a natureza não consegue repor os recursos no ritmo de seu consumo. As dívidas tornam-se impagáveis. A privatização ou estatização incessante dos comuns impossibilita a sobrevivência fora do mercado laboral e do salariado. A desregulação e a austeridade removem todas as seguranças e, mesmo nos países de capitalismo avançado, diminui a qualidade de vida das pessoas.
Numa perspetiva decrescentista, é preciso repensar a prosperidade dissociada do crescimento económico e os objetivos sociais da produção e da distribuição do produto do trabalho. Nesta sessão, conversaremos sobre novas e antigas ideias relativas à desmercantilização do trabalho, a reapropriação social do dinheiro/valor e a necessidade de se abandonar o PIB como medida da qualidade de vida.