Cidades decrescentistas: Superquarteirão no Jardim da Parada - Campo de Ourique
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Cidades decrescentistas: Superquarteirão no Jardim da Parada - Campo de Ourique

O Núcleo de Lisboa da Rede para o Decrescimento tem vindo a realizar reuniões presenciais, mensais, que decorrem em diferentes espaços associativos da região da grande Lisboa, com o objectivo de aumentar a visibilidade da Rede, procurando colaborações diversificadas, interações com os coletivos que nos acolhem, e explorar ligações para futuros eventos.

No seu 6º Encontro de 2023 na Padaria do Povo, que incluiu um momento convivial aberto, contou, na parte da tarde, com a presença, não só de fregueses de Campo de Ourique, mas também de uma convidada para apresentar um caso específico de gestão urbana, o Superquarteirão no Jardim da Parada.

A sessão da tarde começou com uma breve apresentação da Rede para o Decrescimento pela Pascale Millecamps, e sobre o que é Decrescimento, pelo Luís Camacho. Jorge Farelo Pinto abordou em seguida a problemática do território, que é um bem limitado, questionou o mito da circulação livre do automóvel, considerando que os espaços exteriores devem ser acarinhados e mantidos, e que se tem de contrariar o fracionamento e a separação espacial das diversas funções urbanas - vive-se numa zona, trabalha-se noutra e fazem-se as compras algures entre as duas. Há que fortalecer os bairros, entidades nucleares pequenas no interior das cidades.

A arquiteta Rita Castel`Branco desenvolveu o tema da implementação de um Superbairro em Campo de Ourique, remetendo para uma visão sistémica mais alargada do território envolvente, nomeadamente dando destaque, à habitação, à vida urbana na freguesia, às acessibilidades, ao estacionamento, tudo entendido de forma abrangente para que se potencialize a transformação das ruas residenciais, hoje centradas na circulação automóvel, em espaços de coexistência, só acessíveis ao tráfego local, e onde as pessoas têm prioridade, garantindo-se que o restante tráfego circula nas vias de hierarquia principal.

Com este projeto, o Jardim da Parada como centro nevrálgico do bairro, ficaria alargado de fachada a fachada (80m x 120m), o que significa passar de um espaço público com 5 450m2 para 9 600m2. Será um generoso local de estadia, para todas as gerações, onde as crianças podem brincar livremente, sem estarem confinadas a um parque infantil gradeado ou dependentes da vigilância apertada dos pais.

Da parte da assistência colocaram-se diversas questões, desde a melhoria da segurança, a redução da poluição e do ruído, maior usufruto do espaço público, mais autonomia das crianças, vantagens e qualidade de vida dos residentes.

Ficaram umas quantas pistas decrescentistas, fazer com um mínimo, o máximo, procurar uma trajectória alternativa ao culto absurdo do crescimento e da expansão infinita das urbes, manter uma permanente ligação harmoniosa com a natureza, fomentar, criar e assumir atitudes e comportamentos de suficiência que baste, de frugalidade, de sobriedade, de colaboração, de convivialidade, de reciprocidade, de prosperidade, de diversidade ecossistémica.


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